segunda-feira, 2 de março de 2009

Coral de Árvores - Faxinal do Céu


Coral de Árvores instalado às margens de dois riachos na cidade de Faxinal do Céu, interior do Paraná, durante o projeto de residência de artistas Faxinal das Artes, com curadoria de Agnaldo Farias; 2002. Esta foi a segunda montagem do trabalho. Foi aqui que prendi muito sobre como fazer melhor o processo de envolver as árvores, pois a primeira vez que foi realizado, no Bosque dos Buritis em Goiânia (como uma oficina criada para trabalhar com crianças, pessoas especiais e senhoras de terceira idade) o resultado formal ficou ainda a desejar. Foto: Divino Sobral













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MATÉRIA DE JORNAL

O Estado do Paraná. Curitiba, 31/05/2002
Faxinal das Artes empolga convidados

Redação O Estado do Paraná
Obras produzidas no evento integrarão acervo do novo Museu do Paraná.


Depois de quatorze dias, o projeto Faxinal das Artes termina hoje como o maior evento das artes plásticas no País - segundo opinião unânime de artistas e participantes do evento. Localizada no Sudoeste do Estado, Faxinal do Céu contou com mais de cem convidados produzindo, respirando e discutindo artes plásticas.

O goiano Divino Sobral, um dos destaques entre os artistas-residentes, ficou bastante satisfeito: "Faxinal foi muito importante. Mostrou a multiplicidade da arte brasileira, reunindo no mesmo local os sotaques de todas as regiões. Foi realizado em um lugar onde professores podem entrar em contato com todo tipo de arte e repassar o conhecimento, e ainda revelou a grande capacidade de articulação do Paraná", afirmou.

Para os trinta artistas do Paraná convidados para o projeto, Faxinal das Artes também teve muitos aspectos positivos. Veteranos como Guita Soifer e Alfi Vivern, ambos com mais de vinte anos de atuação, saíram satisfeitos da experiência. Para a curitibana Guita, "da inter-relação com outros artistas e os respectivos processos criativos nasceram e nascerão novos desejos e olhares em suas futuras obras".

Alfi, por sua vez, destacou o pioneirismo do Estado neste tipo de experiência. Retornando de um projeto de residência de 70 dias no Egito, o artista garantiu que Faxinal será inesquecível: "Aqui todo mundo procurou fazer o seu melhor. Houve uma grande luta interna para a procura de um caminho legal e sincero".

Nova geração

As revelações paranaenses também se entusiasmaram com o projeto. Entre os nomes mais comentados estavam o do curitibano Marlon Azambuja, 23 anos e o mais novo de todos os paranaenses, e o cascavelense Luiz Carlos Brugnera, vencedor de 26 prêmios em sete anos.

Para eles, a visibilidade maior oferecida pelo evento em Faxinal do Céu foi um dos pontos mais positivos.

Para auxiliar os artistas, foi recrutado um pequeno time de estudantes de Artes, que trabalharam por duas semanas como monitores-assistentes. Juliana Trezub, 26 anos, salientou que nenhuma outra experiência daria aos universitários a possibilidade de vivência com o artista durante o seu pocesso criativo.

Para ela, estar em contato com o conceito das obras e seus métodos de produção foi o melhor aprendizado. "Pude ver o que eram as obras, como foram feitas e por quê. Sem dúvida foi gratificante estar presente", concluiu.

Evento foi orçado em R$ 600 mil

A Secretaria de Estado da Cultura ainda não fechou a contabilidade de Faxinal das Artes (teve gente que não compareceu, algumas previsões de gastos foram extrapoladas), mas adianta que o repasse autorizado pela Secretaria Estadual da Fazenda foi de R$ 600 mil. A assessoria da secretária Monica Rischbieter informa que o evento foi 100% custeado por esse repasse. "Cada artista recebeu um cachê de 1.500 reais, mas o que pesou foi o material, as passagens e a manutenção dos convidados. Só o argentino Oswaldo Marcon consumiu mais de 40 metros de tecido."

Porém, toda a produção do evento ficará com o governo do Estado, que deve criar uma curadoria e utilizá-lo no acervo do novo museu projetado por Oscar Niemeyer, que vai funcionar no Edifício Castelo Branco, em Curitiba. A secretaria diz que Faxinal das Artes foi uma resposta a uma antiga reivindicação dos artistas plásticos paranaenses, que procuraram Monica Rischbieter assim que ela tomou posse. "Mais da metade dos projetos da Conta Cultura são de artes cênicas, o cinema e a música também têm o seu espaço, mas havia uma lacuna nas artes plásticas", reconhece a secretária por intermédio da assessoria. "Além disso, queríamos proporcionar essa troca de conhecimentos e experiências, estimular a produção, colocar o Paraná no mapa das artes plásticas e renovar o nosso acervo."

A secretaria afirma ainda que essa prática de residência artística, embora inédita no Brasil, é bastante comum na Europa e nos Estados Unidos, e uma maneira importante de estimular a produção. Outro ponto positivo do evento, na avaliação do governo, foi a visibilidade - nacional e internacional - proporcionada pela presença de artistas, curadores e representantes de galerias do Brasil e do exterior.

Sem falar na possibilidade de diálogo com outros centros produtores, como alternativa ao saturado eixo Rio - São Paulo. Sobre a continuidade do projeto, a secretaria lembra que "vai depender do próximo governo", mas também do interesse dos artistas e da repercussão do evento.