segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Vídeo - O poeta e as pedras




Projeção do vídeo "O poeta e as pedras" sobre o edifício do Museu Nacional, durante a mostra SobreCidades, curada por Rodrigo Paglieri. Brasília, DF, 2009.


O vídeo com duração de 7 minutos foi finalizado em 2009, é um documentário da performance homônima que consiste na leitura de poemas sobre pedras num trajeto desenhado por ruas pavimentadas de pedras seculares na Cidade de Goiás. Direção e roteiro de Divino Sobral, Fotografia e edição de Pedro Diniz, produção executiva de Marcos Soares.

O vídeo foi mostrado primeiramente na mostra SobreCidades dedicada ao registro de trabalhos em contextos urbanos e que reuniu dezenas de obras projetadas sobre a fachada do Museu Nacional, obra de Oscar Niemeyer em Brasília.A segunda exibição ocorre na minha exposição "Recordações de uma paisagem não vista" no Centro Cultural Banco do Nordeste - Cariri.

domingo, 30 de agosto de 2009

Recordações de uma paisagem não vista


O Centro Cultural Banco do Nordeste – Cariri, em Juazeiro do Norte, Ceará, apresenta no período de 17 de outubro a 31 de dezembro de 2009, minha exposição individual “Recordações de uma paisagem não vista”. A curadoria é assinada por Daniela Labra, crítica chilena radicada no Rio de Janeiro.

Na exposição estão presentes duas obras recentes (instalação e vídeo) que pretendem dialogar com algumas características da paisagem geográfica, histórica, humana, literária e artística de Juazeiro do Norte, do Cariri, do Ceará e do Nordeste.

A instalação de grande formato chamada “Recordações de uma paisagem não vista” é concebida como livro de viajante, construído pela relação entre imagens e textos indiciando depoimentos, acontecimentos, personalidades, datas históricas, extratos de poemas, de romances e de letras de músicas, ilustrações nostálgicas e mapas, letras e palavras bordadas sobre 40 fronhas oxidadas que ocupam paredes pintadas de azul (a cor faz referência aos textos de José de Alencar e Patativa do Assaré). As fronhas soltas são como páginas avulsas de um livro desencadernado e o uso como suporte abre para conexões entre o sono, o sonho, os processos mentais noturnos de formação e desenvolvimento da memória. As memórias individual e coletiva se encontram por meio de conversas entre o artista e três pessoas de origem cearense que falaram sobre recordações, sobre a paisagem, a história, o passado, as lendas e os vultos do estado de origem. A instalação trata os estereótipos como representações emblemáticas ainda plenas de substância, como referentes clássicos para a reflexão contemporânea; subtrai dos clichês sua natureza estritamente regionalista e os atualizam em outros contextos em convivência com outras narrativas, visuais e verbais. Desde Frans Post, Antônio Conselheiro, Padre Cícero, Lampião, José de Alencar, Patativa do Assaré, Luiz Gonzaga, Euclides da Cunha, Rachel de Queiroz, Villa-Lobos e Antônio Bandeira, a obra alinhava narrativas e promove um encontro com a memória do nordeste e do Ceará por meio da sua produção cultural, da sua inserção na história brasileira.

Segunda obra apresentada, o vídeo “Os poetas e as pedras” é um documentário de sete minutos que registra minha performance usando um carro de som para a leitura de poemas de vinte e oito autores abordando a figura da pedra; a leitura é feita por um trajeto de ruas calçadas de pedras na Cidade de Goiás, a antiga capital goiana. As pedras poéticas trazidas pelo vídeo pretendem acordar no espectador a memória das pedras que contêm fósseis na Chapada do Araripe.

As duas obras, o vídeo e a instalação, colocam minhas preocupações com a estrutura conceitual do trabalho, com a incorporação do signo verbal e com o desenvolvimento de narrativas, com o uso de paisagens e histórias específicas aos locais onde desenvolvo meus trabalhos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Las Americas Latinas. Artigo de Laura Atie publicado na Art Key Magazine, Maio-jun, 2009. Milano.

In spagnolo il verbo querer – come esperar, verbo della speranza e (dunque) anche dell’attesa – abbraccia uno spettro lessicale esteso, dove ogni declinazione è legata alla stessa sfera significativa, sfumata nei propri limiti, ma iscritta nella messa in gioco totale della persona; quella della relazione: volere e più ancora desiderare e amare. I verbi più esigenti, quelli che implicano impegno, sacrificio, incontro e accoglienza, un lavoro continuo, impossibile da delegare o rimandare. Attuali, urgenti, ma proiettati nel futuro, pro-gettati nella costruzione. Come ad esempio la costruzione di una propria identità – plurale come l’universo. Inevitabile è la fatica.

Non è un caso che Philippe Daverio, curatore della mostra con la collaborazione di Elena Agudio e Jean Blanchaert, abbia scelto di valorizzare la pluralità per dare conto di un’America Latina come bacino di convergenza di culture straordinariamente ricche in virtù della loro differenza e originalità, che l’occhio eurocentrico non è esercitato a cogliere se non con la superficialità di uno sguardo sul tutto-identico nell’approssimazione (per difetto). Quell’occhio che con violenza aveva imposto la propria visione prospettica evangelizzando e conquistando i popoli indigeni, annientando le più antiche tradizioni precolombiane. Come spesso accade, è proprio dai conflitti e dalle repressioni che nascono le più forti pulsioni di riscatto, di affermazione della propria storia umana, appassionata volontà di testimonianza, denuncia, resistenza.

La mostra intende valorizzare – con un allestimento essenziale, senza altra presentazione (oltre i contributi di spessore in catalogo, bilingue, edito da Mazzotta) che non sia quella delle opere stesse, in modo da lasciare grande spazio all’interpretazione geografica-emotiva – proprio la molteplicità, mostrare gli intrecci culturali ed etnici, documentare le complesse realtà dove nessuno – finalmente – è assolutamente puro. Con un taglio che rimane, di fondo, politico; insiste Daverio su un’arte che rivendica da sempre un intervento sociale attivo, deciso e libero, segnata da una forte componente di ribellione, dall’aspirazione rivoluzionaria; un’arte ‘convinta di dover giocare un ruolo primariamente politico, di dover testimoniare, assecondare la passione dei priori intellettuali verso un dibattito perenne’.

Nonostante l’evidente impossibilità di considerare la produzione latinoamericana come un sistema artistico definito e coerente in se stesso, il carattere eterogeneo delle opere e delle numerose personalità artistiche (una cinquantina), non pregiudica la possibilità di seguire percorsi ben definiti di temi comuni e sentimenti consonanti tra natura e città, anima e morte e al tempo stesso di considerarne l’attualità di fatto – aiutati anche dagli incontri letterari con gli autori e alla rassegna cinematografica che rendono davvero globale questo omaggio volto al Sud del continente Americano.

Fotografia, pittura, installazioni e video: rappresentazione con ogni mezzo, dai grandi maestri epici come Diego Rivera, José Clemente Orozco, o rivoluzionari come Tina Modotti (Falce, martello e sombrero, 1928), a Rodriguez (Ritratto di Montezuma, XVIII sec.) ed anonimi di fine secolo XXI (gli Arcangeli ricchissimi, barocchi, della Scuola di Cuzco), fino alle voci contemporanee più giovani. In The Burden of Guilt (1997) Tania Bruguera si nutre di sangue animale, sacrificale, carne contro carne, corpo a corpo della vita con la morte, Ana Mendieta fotografa le sue performance, lasciando l’impronta del suo corpo – Veronica di sangue che scorre nelle vene aperte (1)– su un sudario, Artur Barrio fa della carne un libro. Il libro del corpo, su cui idealmente scorrono segni, si incidono i caratteri, sfilano ferite. Ivan Capote ci mette parte di un’esperienza più delicata, infantile: le sue cuffie auricolari sono conchiglie di mare – natura stereofonica, come il ritmo disteso di Cada Respiro (2003, 1’ 502) di Glenda Leon: la videocamera si allontana da un drappo fiorito che è l’abito di una ragazza allungata e sottile, sul quale cresce una margherita a ogni espirazione, mentre Ernesto Neto (Elas em transe, 2007) presenta una delle sue note installazioni lattiginose e sospese, Divino Sobral avvolge lana colorata su rami di legno per creare un nuovo giardino delle meraviglie (Garden of Jabuticabeiras, 2008). Alexandre Marucci moltiplica (Perimetro Antropofàgico, 2008) il ritratto di un’indigena impassibile, dal sorriso terribile quanto percettibile, nei luoghi più disparati, un aeroporto come davanti alla vetrina di Louis Vuitton o nella foresta incandescente. Liset Castillo torna a un tema caratterizzante della mitologia più antica, quello del labirinto, per raccontare la città: deserta, abbandonata, fantascientifica, extraterreste, quasi; non è rimasta che la terra al tramonto in Western Civilisation (2006). Un percorso che racconta infinite storie che mancano, forse, a rendere un immaginario superficiale e semplicistico una vera e propria riserva di tesori, dal potenziale ‘realmente magico’: idee, ideali, uto

Américas Latinas - Las fatigas del querer. Spazio Oberdan - Milano




A exposição "Americas Latinas: Las fatigas del querer", com curadoria de Philippe Daverio, Elena Agudio e Jean Blanchaert, acontece no Espazio Oberdan, em Milão, Itália, durante o período de 21 de maio a 04 de outubro de 2009.

A proposta do curador é traçar um panorama da produção latino-americana para abordar a diversidade que habita o continente Latino Americano, proveniente da sua própria formação histórica, por meio da diversidade de linguagens e de materiais empregados por artistas que vivem do México ao Chile. A exposição está dividida em núcleos temáticos como Sangue, Morte, Anima, Natureza e Cidades.

A curadora Elena Agudio em pesquisa pelo Brasil durante a 29ª Bienal de São Paulo, no ano passado, viu minhas obras apresentadas na exposição “Superfícies da Memória” no Museu de Arte Contemporânea da USP, no Pavilhão da Bienal. O interesse resultou no convite para participar desse panorama latino americano. No elenco brasileiro constam: Bispo do Rosário, Artur Barrio, Farnese de Andrade, Nelson Leirner, Daniel Senise, Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Ernesto Neto, José Rufino, Alexandre Murucci e Vik Muniz.

As obras que participam da mostra integram minha série mais recente intitulada “O Horto das Jabuticabeiras”, e são realizadas sobre galhos secos de jabuticabeiras envolvidos com sucessivas camadas de fios de lã coloridos. Estas obras reúnem operações da escultura, desenho e pintura, unem os gêneros de natureza-morta e paisagem, fundem as pesquisas contemporâneas com as heranças populares e constroem uma poética comprometida com a memória e a natureza.

Las américas latinas: las fatigas del querer

O Jardim das Jabuticabeiras - 2008. Lã envolvida sobre galhos de jabuticabeira. Dimensões variáveis. Fotos de Edouard Fraipont



















Las americas latinas - Entrevista com o curador Philippe Daverio