quinta-feira, 3 de junho de 2010

Prêmio Marcantônio Vilaça - Processo de construção da obra "Onde o tempo se bifurca"

"O tempo é água" é o conceito poético que uso desde 1993 para o processo de oxidação. Na foto uma fronha coberta de óxido de ferro. Depois: lavar, passar à ferro, engomar, fotografar e emoldurar... um longo caminho até ficarem prontas.

Deu um trabalho danado: as fronhas foram descosturadas para caberem nos bastidores do bordado digital com o qual foi feito o texto; depois as figuras arquitetônicas foram bordadas à mão; e finalmente tiveram que ser novamente costuradas, antes de passarem ao processo de oxidação.

Com ajuda do Carlos Sena as fotos foram processadas em desenhos e os elementos arquitetônicos selecionados para compor a página-fronha. Sobre a base pequena estão restos de camadas de tinta de casas da cidade (um outro trabalho que ainda quero concluir).

Uma fase que considero muito importante na construção da instalação foi a de conversar com as pessoas, buscar suas histórias e estórias, acordar suas lembranças, fazê-las reviver o que já foi, despertar a saudade e acordar o sentimento da duração. Ouvi muitas versões para uma mesma história, me falaram de como os prédios foram construídos e dos hábitos de antigamente...
Todos os dias buscava por novas memórias, coisas pretéritas recordadas. Meu apetrechos: caderno vermelho e caneta, MP3 e câmera fotográfica. Meu procedimento: me apresentar como artista e introduzir o conceito do meu trabalho. As pessoas estranhavam o meu procedimento como artista; eu parecia-lhes mais um historiador, pesquisador ou funcionário de alguma instituição. Recebi muitas respostas negativas e que me fizeram pensar na questão da amnésia coletiva e suas relações com o poder: "esqueci tudo", "não sei de nada, não lembro de nada", "eu nada tenho a falar". Mas também colhi conversas inesquecíveis com as pessoas que me concederam em entrevista suas memórias, para que eu as dividisse, por meio de minha obra, com muitas outras. Estas pessoas fazem parte de "Onde o tempo se bifurca" por meio de seus depoimentos. Aqui manifesto o meu agradecimento aos entrevistados: Acari Félix da Silva, Abner Curado, Antolinda Baia Borges, Eunice Sócrates de Sá, Frei Marcos, Helena Maria Mendes, Mansueto Arcanjo de Campos, Nei Rodrigues Vidigal, Sebastião de Morais Bueno, Welington Barros da Silva, Yasmim Sócrates Nascimento.

Dona Eunice Sócrates de Sá tem 95 anos e me concedeu uma entrevista muito rica, cheia de lucidez e com memórias lindas. Me mostrou livros e fotos e contou estórias sobre o Museu das Bandeiras, do qual foi a segunda diretora.

O senhor Mansueto Arcanjo de Campos, de 78 anos, me recebeu em sua casa para uma entrevista. Sua residência na Rua das Flores é uma casa simples e muito antiga, as paredes da sala são revestidas de quadros com imagens de santos.

A foto mostra o processo de diagramação do texto (endereço, datas e entrevista) no programa de bordado digital. O Luiz carlos de Jesus foi o técnico que fez esta operação.

Primeiro texto a ser bordado: casa de Bartolomeu Bueno da Silva.

Marcos Silva e Sousa realizou a pintura do muxarabiê.

O Muxarabiê finalmente pronto! grande contentamento com o resultado: um objeto de arte. Idêntico ao muxarabiê da casa do Anhanguera.

A primeira cor aplicada depois de muito lixamento.

O muxarabiê foi pintado em uma oficina de móveis no Setor Jardim Guanabara, em Goiânia. Uma grande lista de materiais foi empregada para transformá-lo em um objeto de sofisticado acabamento.


O muxarabiê finalizado espera para ser pintado.

Edwaldo César de Sousa, marceneiro de grande talento, executou o muxarabiê com muita dedicação.

Fiquei encantado pela cor, textura, cheiro e beleza do cedro, madeira com a qual foi executado o muxarabiê. Esta foto foi feita pelo Gustavo Zelaya.

O portal em madeira de jatobá é eguido pela primeira vez dentro da marcenaria.

Marcenaria Sousa. Fica numa esquina, em um terreno tiangular entre a Rua das Flores e a Rua Frei Felipe Ledeti. Aqui foi feito o trabalho de marcenaria do muxarabiê.