sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Yuri Firmeza escreve sobre Recordações de uma paisagem não vista



Das lembranças ou daquilo que, Recordações de uma paisagem não vista, ativou .
Começo pelo O Poeta e as pedras:
A pedra rola Baudelaire, Borges, Drummond, Pessoa, Rilke, Pignatari, Blake...
Divino Sobral arremessa. Caetano em Livros diz para arremessarmos para fora das janelas. Ainda ele, na mesma música, “os livros que em nossa vida entraram são como uma radiação de um corpo negro apontando para expansão do Universo”.
Sobral carrega livros que se assemelham a tijolos. Carrega livros que se assemelham a sementes. Carrega livros que se assemelha e distancia-se da terra dos homens-livro em Fahrenheit 451. Carrega livro em meio a plantas e terra árida, solo rachado, roupa encarnada. Livros-frutos, livros-sementes, livros-gritos lidos fragmentos ao vento. Pedra assoprada. Baladeira de palavras edificantes. Estraçalhantes.
Bordados:
Tempo incrustado. Tempo enferrujado.
Pode um bordado ter a força de inventar um sonho?
Costurar a história de um lugar, um mapa onírico, incertezas corroídas pela memória.
O tempo. A latitude. O imaginário. O inventário. A cartografia. Os cardeais.
O lugar. O bordado. O pigmento ferrugem. O couro. O fogo. A lentidão.
Poema:
As palavras. O sussurro.
Machado:
“Para rachar as palavras”.

Yuri Firmeza
12 de janeiro de 2010

Escrito em um bloco de notas enquanto conversei com a exposição de Divino Sobral no CCBNB, Fortaleza, Ceará. Essa nota de rodapé não é uma justificativa, mas uma contextualização do modo como esse texto tomou corpo.